Deusa do meu encarceramento
Temo a primavera sem flores
Desdenho minha companheira da noite
A passar horas e dores
Chá nenhum causa melhora
Ingrata dor fecunda
Desprazer e nenhum sabor !
Como pássaro enjaulado
E o seu canto de dor
Que tem dentro do coração
A invalidez de todas as horas
O placebo inválido para o amor
É tarde para o entusiasmado sorriso
Se afeiçoar a esta face rígida
É como a morfina que não vence tanta dor
Amor não rima com o rancor
Temo a primavera sem flores
Triste pelas fotos empalecidas sem cores
Que a memória detém vagamente
Deusa de tanto desconforto
Quem nesta vida não é piloto de sua própria nave emocional
Tem destino certo ao planeta
Solidão .