CORASSIS

Solidão

Deusa do meu encarceramento
Temo a primavera sem flores
Desdenho minha  companheira da  noite 
A passar horas e dores 
Chá nenhum causa melhora
Ingrata  dor fecunda
Desprazer  e nenhum sabor  !
Como pássaro  enjaulado
E o  seu canto de dor
Que tem dentro do coração
A invalidez de todas as horas
O placebo inválido para o amor
É tarde para o entusiasmado  sorriso 
Se afeiçoar  a esta  face rígida
É como a  morfina que  não vence tanta   dor
Amor não rima com o rancor
Temo a  primavera  sem flores
Triste pelas fotos empalecidas  sem cores
Que a memória detém vagamente
Deusa de tanto desconforto
Quem nesta vida não é piloto de sua própria nave  emocional
Tem destino certo  ao planeta
Solidão .