Richard

Por que decidimos entrar no poço?

Está vista do campo aberto encanta!
Flores das mais raras e exuberantes possíveis 
Como num quadro pintado por Claude Monet 
Só de olhar o coração chora, preenchido por amor
Beleza divina!
Porém, a algo inegável lá 
Pequeno e arruinado 
Mal construído, feito as pressas
Me pergunto o por que essa construção me toma mais que o pedaço do céu? 
Um poço. Me chamando? 
Por que esse poço me consome? 
Pedras mal colocadas, caindo aos pedaços
As madeiras que compõe o falso telhado, está podre!
Caminho até lá acompanhado pelo arrempendimento  mas não a hesitação!
Olho para o fundo, vejo um pouco de água 
Suja. Nojenta
Mas, por que? 
Por que eu me vejo lá no fundo? 
Mesmo com esse maravilhoso sol, não vejo meu reflexo 
Apenas eu boiando, agonizando pelo sofrimento causado pelo nada 
Reflito, algo está tomando toda minha atenção!
Quero parar de olhar, aproveitar a magia do campo
Mas desejo me tirar desse lugar horrendo 
Tento me apoiar nas beiradas mal feitas, quase caindo 
Percebo meu corpo afundando, não, o poço está ficando mais fundo 
Pergunto-me, por que no meio do fascínio causado pela paisagem 
Estou querendo me afundar nesse poço deplorável? 
Não consigo apagar esse desejo 
Tento me equilibrar e de algum jeito acabo caindo 
Talvez quisesse cair mesmo
O grito mais silencioso que ouvi, medo não sinto
Uma queda que durou minutos, muito fundo esse pesadelo 
Foi causado pelo... Caos!
O caos sem motivos me oprimiu
O meu eu morto não fede, decomposição sem rastro 
Sem feridas ou marcas 
Encosto no meu eu, está sumindo 
Estou sendo consumido pelo eu morto ou estou consumindo-o?
Não sinto nada, apenas estou flutuando 
Sem chorar, falar ou gritar 
Sem vontades de tentar sair desse lugar comum 
Agora desejo apenas ficar deitado imaginado como era a vista daquele esplêndido campo
Como queria eu deslumbrar aquela vista pela última vez!
Mas ficarei aqui, na profunda e escura água dessa construção 
Só flutuando, esperando o meu eu tentar me ajudar e sermos consumidos 
Interinamente consumidos pelo nada!