Está vista do campo aberto encanta!
Flores das mais raras e exuberantes possíveis
Como num quadro pintado por Claude Monet
Só de olhar o coração chora, preenchido por amor
Beleza divina!
Porém, a algo inegável lá
Pequeno e arruinado
Mal construído, feito as pressas
Me pergunto o por que essa construção me toma mais que o pedaço do céu?
Um poço. Me chamando?
Por que esse poço me consome?
Pedras mal colocadas, caindo aos pedaços
As madeiras que compõe o falso telhado, está podre!
Caminho até lá acompanhado pelo arrempendimento mas não a hesitação!
Olho para o fundo, vejo um pouco de água
Suja. Nojenta
Mas, por que?
Por que eu me vejo lá no fundo?
Mesmo com esse maravilhoso sol, não vejo meu reflexo
Apenas eu boiando, agonizando pelo sofrimento causado pelo nada
Reflito, algo está tomando toda minha atenção!
Quero parar de olhar, aproveitar a magia do campo
Mas desejo me tirar desse lugar horrendo
Tento me apoiar nas beiradas mal feitas, quase caindo
Percebo meu corpo afundando, não, o poço está ficando mais fundo
Pergunto-me, por que no meio do fascínio causado pela paisagem
Estou querendo me afundar nesse poço deplorável?
Não consigo apagar esse desejo
Tento me equilibrar e de algum jeito acabo caindo
Talvez quisesse cair mesmo
O grito mais silencioso que ouvi, medo não sinto
Uma queda que durou minutos, muito fundo esse pesadelo
Foi causado pelo... Caos!
O caos sem motivos me oprimiu
O meu eu morto não fede, decomposição sem rastro
Sem feridas ou marcas
Encosto no meu eu, está sumindo
Estou sendo consumido pelo eu morto ou estou consumindo-o?
Não sinto nada, apenas estou flutuando
Sem chorar, falar ou gritar
Sem vontades de tentar sair desse lugar comum
Agora desejo apenas ficar deitado imaginado como era a vista daquele esplêndido campo
Como queria eu deslumbrar aquela vista pela última vez!
Mas ficarei aqui, na profunda e escura água dessa construção
Só flutuando, esperando o meu eu tentar me ajudar e sermos consumidos
Interinamente consumidos pelo nada!