Todos somos poetas de nos mesmos,
Sem versos, sem rimas, sem metáforas.
A nós dizemos a verdade de quem somos,
Vemos tudo perfeitamente imperfeito como de fato é.
Para nós, as ruas são de pedras ou terras;
A lua é um satélite que orbita ao nosso redor;
As dores doem sem nenhuma beleza ,
E amores são inquietos,impacientes e bons.
Sentimos raiva, naturalmente ;
As vezes temos vontade de sumir,
Andando sem destino até esfolar os pés,
Mais isto.passa.rapido. aínda bem...
Sabemos de todos os nossos defeitos,
Para nós não temos véu algum,
Convivemos com os segredos
Porque ninguém poderia conhece-los.
Morremos de nossos medos , a cada dia um pouco ,
Na medida exata que vivemos da nossa coragem,
E cada dia é esta luta inglória e gloriosa
Quem sabe um algum momento, terá um fim.
Vemos jardins e flores na primavera ,
Gostamos delas e dos pássaros que as beijam ,
E temos invejam deles que voam ,
Queremos ser como eles , sendo quem somos .
Sendo quem somos , estamos sempre sendo outras coisas,
Nos amando e nos odiando sem entender bem ,
O nada e o tudo , que temos em nós
Porque temos uma minúscula parte de tudo que há no universo .
O estranho mesmo, é quando falamos
Nos desfazendo em falsas palavras,
Nos embriagando de mentiras absurdas,
E nos escondendo atrás dos monstros que criamos de nós.
Que um dia, possamos derrubar os mitos
E sermos especiais , como sabemos que somos,
Sem andar pela escuridão da aparência
E pisar no paraísos dos seres livres.
Antunes Oliveira