DESEJO
Quero andar de mãos dadas
Com meu amado que por toda vida
Estive esperando em sonhos
Devaneios e mágicos cansaços
No limiar dos mundos paralelos
Sonhando em tê-lo em meus braços;
Amor que somente agora ao sol posto
Nas coloridas nuvens do poente
Encontrei. Amor que no meu rosto
Pôs um sorriso, outrora indiferente;
Quero andar de mãos dadas
Com meu amor. Onde? Não sei!
Já não existem os jardins da Babilônia
Não existe primavera, nem outono
Para pisarmos descalços as folhas secas
Ou quem sabe aquelas orvalhadas
Ao amanhecer com cheiro de umidade
Nem relvas atapetando as estradas
Para não machucar os nossos pés;
Só tem pedras e asfalto. É cidade
Aqui não tem luxo e nem parques
Cidade de barulhos incessantes
Satélite de outra mais iluminada
E as lindas praias estão distantes;
Talvez possamos andar a luz da lua
Nas estradas de pedras ou de asfalto
Indiferentes a tristeza dessas ruas
Pequeninas, mal cuidadas e quase nuas
De atrativo e tão pouco arborizadas
Talvez possamos caminhar indiferentes
Apenas como duas almas apaixonadas
Pelo simples prazer de estarem juntas.
LEIDE FREITAS
( 19.02.2022 )