Marçal de Oliveira Huoya

Invento

Assim que acaba
Recomeça 
O sabor da insatisfação 
Esfria o ardor
Tem pressa
Os humores se aquecem 
Se revolvem, se agitam
A vasilha ferve
Imperfeito 
Depois de feito
Não importa o que digam
Encobre-se a tela
Rasga-se o papel
O cinzel põe-se a destruir 
Fecha-se a janela
E volta a se descobrir 
De volta ao começo 
É preciso filtrar 
Separar a tentação da sensação 
A verdade da vontade
O suor do perfume
Tudo tem um preço 
Feito isso
Pintam-se as palavras 
Dá-se cor, ritmo e movimento 
Sopros da criação 
Dizer o mesmo
De uma outra forma
Ser original é a norma 
Não ser banal com o coração 
Não lançar palavras ao vento
Não ser igual
Enfeitar o pensamento...