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Chico Lino

OM

OM
Chico Lino

Fim de ano contanto
Uníssonos os últimos segundos
De dois mil e quinze
Quando parece que o mundo
Explode na voz de Marilia Mendonça

Vai me dando um não sei o que
Na região abdominal
Sartre e Freud explicassem
Talvez, a sensação de um filme
De Hitchcock e Luís Buñuel
Num suspense surrealista, crescente, continuado

Mais alto ainda é a estridência
Musical da cena de facadas na banheira
Que não acaba com o olho da moça
Cortado com afiada navalha e sangue pingando

Mostrado por Karl Sagan nos últimos segundos
De trinta e um de dezembro do Calendário Cósmico
Sendo polemizado na (COP21).

Calmamente peço:
Vamos flexibilizando pontos tensos da corda
Pois em si partindo o som pode
Não estourar só no Norte

Na noite de Natal uma árvore
Cintilava no céu parea à maior lua
Pus-me de joelhos, escolhido,
Ungido de santo e lentes

Corrigido do astigmatismo e miopia
Vieram-me questões e tantas aparições
Milagres em priscas eras
Sem iluminação, televisão e catarata

Períodos de obscurantismo e muita brutalidade

Trevas no livro O Físico, operando catarata
No século XI sem anestésicos

Obscura claridade em O Tao da Física
Moderna por não encontrar palavras para explicar tudo que vêem

Ponto de Mutação demonstra:
Toda matéria provém da luz
O que comemos é luz, somos luz
Pisamos luz
Daí achar expressiva a língua de Einstein saliente

Surreal ou suspense
Andar sobre luz compactada

Shi, Ki, Kundalini, Libido, Orgone e Divino Espírito Santo
Variações sobre o mesmo tema

Mais Wilhelm Reich
Mais sua revolução sexual mais

Amor, amor, amor...

Sem a tensão Vitoriana embutida
Na soma dos quadrados pitagóricos
Gritando muito alto e de cara, bonito
Na voz de Marília Mendonça

Eco, eco, eco

\"Esto que estás oyendo
ya no soy yo...\",  de Jorge Drexler.

- In Sentimentos do Rio Doce, 2016