A noite vem e com seu sopro frio inflama.
O peito hirto e convicto que fragilmente ama.
Sozinho, sem ninguém, abandonado em seu drama.
Que febril, luta contra as horas, louco a rolar pela cama.
O dia chega também e com sua ígnea chama.
Calcina o coração daquele que reclama.
Da sorte da solidão, que seu magma derrama.
Destruindo sem perdão, este que triste clama.
A noite vem novamente com sua calma que engana.
A urdir grosso tecido, de inescapável trama.
A lhe exilar insensível em intransponível alfama.
A lhe afogar impassível em podre e profunda lama.
E nisso toda a pobreza que hoje dele emana.
Alimenta o monstro que aos poucos lhe esgana.
Aumenta a aspereza que se transforma em sanha.
No peito hirto e convicto que fragilmente ama.