No meu canto, estou no meu canto, nunca precisei tanto, acho que estou rendido ao seu encanto, Perdido no meu canto, Me lamento, Por ser tão estranho mas é só o vento, que leva tudo à frente, não avisa cabeças, mente distante que eu tenho, afugenta tudo e todos, eu, no meu canto, e tu no teu, nós somos fruto do sangue que escorreu. No meu canto, em silêncio, canto e danço, calmo e sereno O sentimento com que canto não é indiferente, a toda gente que o ouve, não por engano mas porque soube, por terceiros, o meu nome por inteiro ponho-te a um canto com o meu canto, nem preciso fazer um desenho, tenho a força que deus me deu, desde o meu nascer Com trapos de pano a cobrir-me o rosto Eu posso ver o meu desgosto Tens de nascer de novo para seres como eu, forte e robusto como um trovão, No meu canto não há espaço para o amor e a paixão No meu canto há espaço para a amargura e a solidão No meu canto, há poesia declamada pelo meu vozeirão Nas noites quentes de verão Tira-me esta angustia, leva-me de volta a casa, mata-me com a tua prenuncia, a pronuncia da chama que nunca se apaga saio do meu canto, com respeito a esse lugar que me deito, e que com a mesma força da queda me levanto No meu canto, eu sinto o bater do meu peito, ele grita, eu te desejo, eu te anseio, eu não te deixo, eu te amo...