CARAPUÇA
Sempre uso alguns ditados
Sejam novos ou antigos
Ilustro na comparação
Pra explicar tudo que digo
Aos indivíduos \"sem noção\"
Tento ser o mais discreto
Mas não querem dar ouvido
Querem suscitar \"barracos\"
Todo dia enchendo o saco
Hei de ser mais atrevido
Cada estrofe que compilo
É pra dar minha resposta
Todas com fundo moral
Se tu falas como \"o tal\"
Há de ouvir como não gosta
Leio o jeito da pessoa
Se têm razão ou rebeldia
Me articulo na defesa
Se pressinto a malvadeza
Do que camufla na poesia
Seu poema é um mugido
De bezerro já castrado
Separado para o corte
É lembrado após a morte
Em boi qualquer já retalhado
Apesar da resistência,
Por sparring bem treinado
Ao tomar golpe certeiro
Qual pelouro em torpedeiro
O bruto tomba no estrado
O juiz abre a contagem
Até dez, passa ligeiro
E o valente desmaiado
Mais parece amontoado
De dejetos no banheiro
Caravana segue a estrada
Poldro à frente, nessa ordem
O cocheiro dá o estalido
Cães farejam, e dão latido
Se tanto ladra, o cão não morde
Te aparentas instruído
Mas tem curta inteligência
Burro que transporta livro
Nem por isso é burro ativo
É sempre burro de nascença
A amargura te incomoda
Quando vê um alguém feliz?
Com palavras dita ofensas
És senhor do quanto pensas
E triste escravo do que diz
Isso basta no momento!
Replicar é o meu direito
Aconselho ao mau amado:
Vá arrotar no teu quadrado
Respeite pra se ter respeito
Se a carapuça te servir
Não se faça de arrogado
Vista logo e sai pra festa
Minha poesia é indigesta
Se o poeta é constipado