Ema Machado

Venenos diários

 

 

Enveneno-me, na percepção nefasta

de que o humano, de si se afasta

E tudo o que deveria permanecer, perde-se

tornando-se fumaça

Sobra “status”, afeto não calha 

 

Enveneno-me no medo, desassossego

a impregnar o ar que respiro 

Há sempre uma arma, a espera de quem

lhe aperte o gatilho

Anseio paz, um velho e caro artigo…

 

Enveneno-me sob olhares insólitos

Gritam por socorro e não posso acudir

Sou apenas, outro olho 

mais um, amontoado no fosso

Dessa caverna, da qual não podemos sair

 

Enveneno-me… na insatisfação da utilidade

Fraqueja sob probabilidades, de

Ver tudo ruir…

 

Clamo, por antídotos contra tanto veneno

Doses de amor e otimismo

Creio!

O amor, há de vir

Dependemos dele, para existir…

Ema Machado