Jonas Teixeira Nery

O poeta

Impossível resistir tamanho êxtase.

Fugazes versos, incertezas aprisionadas,

clamando em minhas veias essa liberdade,

envenenando meu sangue, essas vozes quentes.

 

Inevitável vacilar, nessa compulsão!

Noturnos momentos, queimam meu peito!

Nebulosa sensação capturada por aí,

nesse ímpeto de frases, tornando-me cúmplice!

 

Fugazes ilusões nesses meus frêmitos entranhados.

Destoante pulsar nessa turbulência de palavras,

nesses conflitos permanentes, nessa entrega amiúde.

Covardia presente, a cada dia, de novas construções.

 

Fome é o que sinto, nesse desvendar de ideias novas.

Palavras em frases soltas, disseminado nesta manhã.

Construindo essa poesia, a cada instante,

vacilante, meu ser resiste nessa busca de horizontes.

 

Prisioneiro desse amor, entre paredes nuas,

desejando nitidez nessa moldura solta,

remontando meus versos, nesse incontido ímpeto,

corroendo um corpo, sem alarde.

 

Intransponíveis tormentas, entre afagos,

lentamente amanhece num mágico dia,

florescendo, na fonte, a liberdade das palavras...

Torturantes descaminhos nessas letras soltas.

 

Assim sofre o poeta, nessas viagens,

atônito encontro, nesses milagres das construções,

buscando suaves ilusões, nesses momentos plenos,

entregando-se ao deleite, nessa oferta da poesia.