Minha estória se repete,
em cada dia passado, contado.
(não sou mais que um replicante!)
Sou o retrato das poesias repetidas,
dos atos comuns de todos.
Não quero falar da solidão diária,
das janelas contemplativas dessas vidas,
das pessoas tristes, desesperançadas.
Nem relembrar as estórias das minhas buscas!
Só quero o tempo que me afaga, que me envelhece.
Das estórias desse caminhar, não quero falar!
Sobrou essa tarde fria de olhares fatigados,
esses fantasmas permanentes desses sonhos,
desoladora conjunção dessas dores, desses amores.
Minhas estórias se repetem nessa vida breve,
nos gélidos passos dessas confidências impertinentes,
tardiamente percebidos, precipitando tristezas vagas,
entre esses arvoredos sonolentos da minha casa.
Não quero falar de amores perdidos,
nem conjugar a dor, nesses ardores da minha vida.
Quero sentar entorpecido, alheio nessa varanda,
entre sombras disformes, decompostas, entre lembranças.
Deixar o tempo passar sem angústias e desolação.
Ficar nesse abrigo seguro, nessa tarde de primavera.
Diluir meus sentimentos, minhas tristezas,
nesses instantes que me restam entre devaneios.
Não quero semear ao vento tantos fantasmas!
Penetrar nessa noite secreta, não quero mais!
Quero esses olhos densos de candura,
refazer-me envolto nos seus braços nessas buscas.