Walter Medeiros

O Menino

O menino desce a ladeira

Não há tempo pra brincadeira

No ombro a caixa de isopor

No rosto escorre o suor

 

No corre corre apressado

Às vezes tão cansado

O produto congelado

Há de ser logo comercializado

 

Ainda na tenra idade

Tolhido de qualquer vaidade

Desafiando toda dificuldade

 

As roupas surradas

As sandálias desgastadas

O cabelo em desalinho

 

No seu árduo caminho

Segue.o menino sorveteiro

Na busca por algum dinheiro

 

Se o ombro ainda padece

Na alma já acontece

Os sonhos que lhe apetece