Átimos atemporais
Eu acredito em coisas…
Que alguns olhos rasos não vêem,
sou apenas uma cor isolada,
juntos com várias cores isoladas,
Não sou assim tão tangível,
não sou essa matéria toda,
que perambula por aí,
Acredito em mundos, em versos
e portais,
Acredito em mulheres intocáveis,
Em seus vestidos pretos e sisudos,
Trazem sorrisos tímidos, porém com gosto
de paraíso nos lábios,
Acredito nas estrelas distantes
Nos nossos pensamentos equidistantes,
Na força dos amores medievais
Que ressurgem nas manhãs chuvosas das grandes capitais
Acredito em coisas e florestas densas exibindo seus verdes mais verdadeiros e suas enraizadas raízes,
Acredito em vozes de velhas sábias,
em multidões de invisíveis,
caminhando nas ruas de paralelepípedos,
iluminadas com lampiões a gás,
Ouço nitidamente o barulho das carroças
e risos nas varandas,
Sim, eu acredito em varandas,
E em rádio sintonizado em ondas médias,
Acredito na moça, no moço que se perderam em um amor avassalador
eu acredito em amores avassaladores!
Ainda choro pelas bruxas perseguidas
e queimadas em praça pública,
Ainda me culpo pelo excesso da Santa Igreja
e seus degredos,
Acredito no silêncio sábio dos rios,
E nas histórias que nos contam
os velhos livros,
acredito em coisas…eu vejo
garotas indo para o colégio, com camisetas brancas, saia xadrez,
e meia três quartos,
Agora neste átimo atemporal,
estou em uma pracinha: de um lado,
o cinema, do outro a sorveteria,
o coreto…E lá no cantinho você!
Acredito em coisas, em reminiscências,
e em amores eternizados em diários