Mony

Ele, o Alzheimer

 

Sim, ele tem Alzheimer, mas é antes de tudo o meu pai 

Pessoa merecedora de respeito, carinho, afago e dedicação para ouvir suas histórias

 Suas sempre, muitas histórias  

  Há momentos de alucinações que mais parece Dom Quixote, com suas criações 

Suas visões, transformações 

Enquanto filha busco a todo tempo não deixar meu pai ir naquelas mazelas da mente insana,

Não, não posso deixa- lo ir , o quero comigo 

Ou quero ir com ele, dói ver a mente partindo e levando consigo a pessoa que você ama, que no meu caso eu mais amo 

As mazelas da insana mente destrói história, saúde, família, dignidade, a pessoa

Passa a ficar na fragilidade de cuidados de terceiros, que nem sempre são carinhosos ou humanistas 

Hoje eu tenho um pai com Alzheimer, uma mãe com Demência e confesso o quanto é difícil vê- los indo para um tempo e espaço que não consigo controlar 

Que a medicina não domina, apenas remedia 

A poesia de todos os dias são para eles e principalmente para tapar o buraco que cresce em meu peito, pela falta que eles já fazem em minha vida, em nossas vidas 

Poesia que sana temporariamente minha dor, pela real possibilidade de ver meus pais me chamar de mãe, mamãe 

Serei eternamente filha, mas se por acalento precisar aceitarei ser chamada de mamãe.

 

 

 

Por Mony