Maria Judite de Carvalho

INQUIETAÇÃO N0TURNA

INQUIETAÇÃO NOTURNA

 

Durante a noite

Nas insónias que me atormentam,

Poiso silenciosamente meu rosto, 

Cansado e envelhecido,

Olho para trás em tristes pensamentos

O meu tortuoso caminho percorrido

E fecho meus olhos entristecidos

Para os deixar chorar 

No silêncio devagar.

 

Minha alma desiludida

De tanta dor e de tanta mágoa, 

Pela vida já vivida e já passada,

Chora na noite triste inconformada

E um morcego negro

No meu quarto escuro pendurado,

Chora por mim e comigo desesperado

Sem forças para voar de tão perdido,

Porque sente o meu sofrer

Tão desmedido.

 

E eu louca sem cura e sem remédio,

Me ponho a pensar neste meu fado

Vivido sem amor e tão malévolo.

 

Oh quanto amor!…

Quanto puro amor

Na vida eu fui doando,

Sem o ter de meu, sempre o doei

Sem saber o porquê e até quando,

Sempre vivi sem amor e sempre amei, 

Nesta vida tão mal fadada e tão ingrata,

A qual para mim não desejei.

28-06-2020

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