Você abre a porta, esquecida da hora,
ninguém mais estranha a sua demora.
Vaidosa, capricha na sua elegãncia
à qual ninguém dá a menor importância.
Você dorme tarde, a cama é tão fria!
Em quem encostar, se o medo arrepia?
A quem confiar sutís desenganos,
as contas, os sustos, os sonhos, os planos?
Você está farta da casa em silêncio,
de vinho sem brinde, de noite sem beijo.
Sensata, procura calor e alegrias,
mas há dias cheios de horas vazias.
Viver cada dia é um velho costume.
Em paz, com saúde, engole o queixume,
inventa coragem, disfarça a saudade.
A vida ainda é boa, só falta a metade.