Minguado, decidido
Sou pingo descingido
Não só, sou multidão
Ignoro o destino
Ainda que em desatino
O encontro com esse chão
Eu me jogo, não demoro
Pois do alto onde moro
Era vasta amplidão
Cair, meu advento
Caio e sigo com o vento
Minha precipitação
Eu era enevoado
E agora aglutinado
Fluida condensação
Assim eu me entrego
Faço-me gotas, e rego
Molho sua plantação
E sou temperamental
Se me inervo, temporal
E faço devastação
Quando estou zangado
Com enxurrada faço estrago
Solto o urro do trovão
E lanço até granizo
Mas antes lanço um aviso
Com raios em clarão
Do horizonte caio em véu
Quero mesmo é ir ao céu
Sublime vaporação
E é preciso muita clareza
Respeitando a natureza
E em março fecho o verão
E o tempo é que encerra
As respostas para a Terra
Cumprindo cada estação