Vlad Paganini

POESIA, MINHA MELHOR AMIGA

POESIA, MINHA MELHOR AMIGA

‘Quando eu estiver feliz ou até mesmo triste, com o coração cheio
de mágoas ou até mesmo explodindo de amor te procurarei.
Se não puder me ajudar, tomarei um porre e me embriagarei de mel e cachaça e entregarei meu corpo e minha alma e louvarei a ti mesmo assim todos os versos que brotam em mim‘  

Já te crucifiquei 
Te culpei por tudo 
Por perder noites de sono 
Por me atormentar nas madrugadas
Por me levar como um sonâmbulo 
A andar pela casa
Bater minha cabeça em sonhos infindos
Debruçar sobre as estrelas na minha varanda
Acender em luzes no meu olhar

Te culpei por atirar em meus olhos um punhado de areia
Acender minha maré cheia 
Me levar pro fundo do mar
Me transformar em sereia 
E em forma de sons lúdicos cantar a tua magia 
E me encantar com tua voz do luar

Me enlouqueceu por anos 
Me virou do avesso 
Dilacerou cada pedaço do meu corpo
Me ardeu nas veias 
Percorreu meu corpo até sangrar 

Te culpei sim 
Por rasgar em minha pele 
Todos os versos que guardava comigo 
Hoje te absolvo 
Adoçou e salgou todo o meu sangue
Invadiu até o meu umbigo 
Fez o meu silêncio gritar 
No meu peito vibrar 

Não posso fugir desse encanto 
Do teu cheiro de flor e do teu gosto de mar   
O aroma da tua lua 
O frescor do teu rio 
Teu cheiro de maçã verde 
A febre do teu ventre 
O calor do teu sol e ardor das ondas do meu amar 


Com o sabor do teu mel e da tua cachaça 
Agradeço o teu frescor 
São e por algumas vezes embriagado 
Cumpro o dever dentro do meu corpo 
Que outrora se fazia por esquecido  
Ardor do corpo exigido
O teu amar e o teu abrigo 

Poesia tu és minha melhor amiga 
Minha companheira 
Não me abandones
Não me deixes cair em ribanceiras
És a minha cerimônia, um casamento em que me realizo contigo 
Entre prado e flores, amores, dores e tantos favores 

Me entrego a ti 
Por entre folhas e coxas molhadas 
Na tua voz mansa que sussurra em meus ouvidos
Todo o meu ardor e minha libido 

Escrevo a ti do meu espírito pra fora  
E consagro todos os meus versos  
Por entre meus dedos, minha boca  
Me entregando fêmea e macho no teu ventre
No gozo do prazer por entre meus dentes cerrados 
E com o sabor da tua língua por entre meus lábios molhados 

Vlad Paganini 

‘Poesia tu és a bíblia que carrego comigo’

 

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