Leva contigo o silêncio da tua casa.
Acerca-te do teu medo, dos teus ressentimentos.
invada com tua verdade, esse meu ser cansado,
mas não demora escondida em ti mesma.
Caminha transfigurada pelo amor, sem precipitação.
Deposita tua cabeça no meu peito, que explode.
Saia desse abismo que é tua armadilha,
atravessando essa rua insinuante e escura.
Já tivesse eu nascido em ti que não me escutas.
Hoje não seríamos esquecidos pelo tempo, na distância
Já não haveria crepúsculos, nem abismos nesses dias,
Conformando nossas vidas, nossos destinos incertos.
Escuta, antes que se transfigure um novo amanhã.
Sou homem ilhado nesse teu manto de esquecimento.
Esperançoso nesse universo desigual, operário.
Curvado pelo tempo da espera, em devaneio.
Leva contigo o silêncio do teu corpo insinuante.
Antes, deixa-me amá-la ao som das minhas s angústias,
refazendo nossos caminhos, nossas incertezas,
nessa mistura de sonho, cansaço e desassossego.
Hoje já não há pressa, só o vazio dessa ausência,
não há lamentações, só divagações persistentes.
É tardia a partida dos desesperançados,
onde não há nem um beijo frio, somente o adeus.
Pouco importa que partistes entre penumbras.
Já não sinto a dor da partida, dessas madrugadas.
Só vazio imenso nessa casa desamparada,
Destituída dos teus passos, do teu cheiro, tantos beijos.
Olha bem em tua volta!
Quantas emoção que levastes na tua ida,
no cinzeiro que deixaste as cinzas dos nossos sentimentos,
na cama desfeita, onde deixaste tantos ressentimentos!