Carlos Lucena

OS MEUS VERSOS

OS MEUS VERSOS

Os versos que eu canto
Não sei 
se vão muito longe
A muitos causam espanto
A outros pouco constrange
Porque é uma poesia sentida
Daquilo que todos sentem.
Extraída 
do mundo e da vida
Daquilo que nao se tem.
Eu vejo 
os homens temidos
Disputando  
domínios feudais
E muitos vassalos perdidos
Nos átrios coloniais.
Também 
vejo as assembléias
Como as antigas sinagogas
Os  mesmos discursos 
as  mesmas ideias
Embaixo de velhas togas.
Os mesmos arautos 
Ainda como dantes
Silenciosos incautos
Vaidosos e pedantes.
Eu vejo tudo 
tão novo
Mas na mesma
Visão primitiva
E ao ouvir o cântico 
do velho corvo
Não há ente 
que sobreviva!
Eu sei que 
essa ânsia é vazia
É um grito silencioso
E não vence a apostasia
Pois  tais versos 
não irão  muito longe
Também  
a muito poucos constrange 
Essa tal de poesia.