João Matos

A náusea

Perdido na estrada esburaca

Gritos não me comovem

Choros me irritam

Olhos que não me dizem nada

Quem sabe um pouco de veneno?

Ideias distorcidas

Música que não inspira

Gosto amargado de perfume vencido

Pobres idealistas

Quem sabe um pouco de veneno?

A luz do sol traz à tona o indizível

Mortos valem mais do que vivos

Estranhamento, meu único amigo

Náusea, absurdo ou niilismo

Quem sabe um pouco de veneno?

Liberdade pela verdade

Imanência clamando pela existência

Bem vindo à maturidade

Felizes em Sísifo

Quem sabe um pouco de sorriso?

Tempo perdido é tempo vivido

Escolha na angústia

O risco é consentido

Felicidade não é nada

Quem sabe um pouco de sorriso?