De linhas cheias
E coração vazio.
Me encontro perdido
Na vastidão do tempo
Ao longe me vejo, de relance
Cursando nada mais que o acaso.
Quisera o destino me predestinar
A qualquer coisa firme, sólida
Como ondas no mar, covarde se faz
Sem rumo, direção, nem estrelas a guiar.
Me atiro sobre mim
Buscando em meu mundo
Algo que seja meu
Buscando certezas.
Busco ruas silenciosas
Me afago em solidão
Atento a todo movimento
Que passa, levemente, pelos meus olhos.
Me vejo cercado de espelhos
Olhando para mim a cada segundo
E ninguém sabe se é bom ou ruim
Ninguém sabe quem sou.
E buscando novas identidades
Me encontro no caminho do incerto
Debruçado sobre linhas de interrogação
Aberto a exclamações e pontos finais.
Percorro com cada linha uma estrada
E me descubro, refaço, desfaço
Brinco com o impossível de conjunções
Me arrisco a dizer que sou tudo, ou nada.
Me divirto, irrito, brinco, chuto
Todas as pedras literárias
Navego por mares inenarráveis
Mas ancoro na calmaria, na ignorância.
Andando por mim, já não sei o que sou
O que faço e onde vou
Se me parto em 10 e digo que sou fracionário
Ou se brinco de ser um único, de ser um poema.