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Ivan

BAZAR DO DESTINO

Há sentidos meio sem sentidos

Nalgumas coisas que costumo ler...

Há muitos gostos sem gosto

Que me causam sérios desgostos

E que nem mesmo eu,

Apesar de ser eu,

Consigo meramente entender...

Há palavras apagadas, rasgadas,

Em muitos livros que são obscuras,

São escritas para driblar a censura

E suas semânticas ficam ocultas...

Há gestos indecifráveis, hieróglifos

Faciais que estão longe de ser

Compreendidos, são expressões

Subnutridas de significados, vazias,

E que se ligam mais à hipocrisia...

Há favores impensados, temperados

Sob a égide da ambição e do desejo

Que deixam rastros, deixam de ser

Segredos e se tornam fofocas indomáveis...

Há emoções abstratas em meio

A falsas sensações do lírico

Que extrapolam as conveniências,

Alimentam a verve das indecências

Para depois serem abandonadas no lixo...

Há momentos que não são momentos,

São estâncias de prazeres eventuais,

Domesticados por volúpias que não

São volúpias... são estereótipos da

Luxúria... Identidade apócrifa do sexo!

Há olhares que não são olhares,

São ótica da vagabundagem, do ilícito...

Há amores que não são amores,

São enciclopédias do interesse

E dão vazão ao escárnio e à podridão...

Mas há lances límpidos, cristalinos

Em suas sagas... São estes que, embora

Raquíticos em meio ao povo, à plebe,

Serão eles o apocalipse da vergonha,

A salvação da indigência, do infortúnio,

Que transformarão a face ainda impúbere,

Imatura que sobrevive à espera da esperança!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo