MARÉ CHEIA
Busco em mim o voar dos pássaros
Busco em mim o teu cheiro de terra
Teus lábios de mel, sal doce
Busco em mim a poesia o mar encantado
Busco em mim a arte o teu corpo meu baluarte
Busco em mim essa tua bruma
Busco e penso em ti como o bailar das nuvens
Penso em nós desnudos afogados na lua
Penso e busco em mim liberto, infinito
Penso em ti feito chama úmida salgada dilacerada
Busca em mim o meu beijo alcalino
O meu corpo flor luz e fogo!
Poesia me chama na noite fria
Cheira a tua comida
Cheira na madrugada a tua saudade
Minha boca arrepia na tua lembrança
Busco em mim o teu corpo em arte
Esculpido e mendigo afogado no meu
Busco em ti teus mares pote de mel
Busco em ti tua voz tuas pernas e teus rios
Busco em ti teus testículos sedosos e macios
Busco em ti e busca em mim
Minha pele meu cheiro minhas nádegas e meus mamilos
Busco em ti fogo que incendeia e me faz correnteza
Me arde em brasa até sangrar, clareia
Adoça meu sangue e salga meu altar
Buscamos sim as ondas do mar
Tu és em mim maré-cheia
Buscamos e queimamos nas entranhas do fundo do mar
Incendiamos corpos na areia
Amor nos olhos a beira-mar
Teu corpo morre no meu
E renasce pra sonhar...
Vlad Paganini