Jonas Teixeira Nery

Um grito

Esse amor errático,

transbordante de incertezas, esse amor faminto.

Amor embotado, sem aconchego ou noite de volúpias.

Aflitivo amor nesses disfarces, transbordante nessa cama.

 

Abismo profundo na construção de cada dia.

Reticente é esse amor que me ofertas.

Ferindo meus sentidos nessa entrega dissonante.

Fragilizando minhas esperanças, minhas resistências...

 

Amor que não convém, nesses arremedos!

Que tem medo, insônia, solidão atroz.

Olvidando a cada instante, nessa luta imaginária,

matizando todos as indagações possíveis.

 

Amar-te é um deserto árido, é desolação.

... que o amor já não existe nesses meandros,

nas confidências desses versos rotos, sem rima.

Amor sem solução, titubeante nesses gritos.

 

Amor, clamor, dor abafado nessa distância.

Sem cântico, inabalável, perdido, esse amor!

Amor que me ofertas, nesses anos fugidios,

sucumbindo, machucando, destoando, tanto amor!

 

Ah, esse reticente amor entre desejos e desalentos!