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Antropoetico

Barco à Deriva

Um dia chuvoso parece que não vai acabar.

O mar tão imprevisível.

Já não tenho forças para remar.

 

As ondas balançam o bote.

O sol faz arder meu rosto.

A tempestade esta forte.

A água acabou... mas que desgosto.

 

Nesse mar azul me pergunto.

Se fiz algo para isso merecer.

No barco só tem defunto.

E seus corpos começaram a feder.

 

Se ao menos tivesse ouvido.

A moça de cabelos cacheados.

Que esse mar é temido.

Minhas velas não teria içado.

 

Fui em busca de riquezas.

E viver aventuras.

Mas só achei tristeza.

E para minha mente... tortura.

 

Deixo essa nota.

E caso ache antes da morte.

Saiba que não é lorota.

Esse lugar virou um antro de má sorte.

 

Me enterre junto aos meus bucaneiros.

Foram leais ao seu capitão.

E suas ordens de lutar obedeceram.

Mesmo no chão.

 

As gaivotas são companhia.

Muito barulhentas na verdade.

Em meio as águas frias.

E o rum virou majestade.

 

Todo meu sofrimento é interno.

Não sinto as pernas, mas estava manco.

Meu destino é o inferno.

Mas vejo alguém no convés, vestido de branco.

 

Sempre pensei que a morte era escura.

Como a noite, mas é pálida como a lua.

Sua voz tão pura.

E sua foice clamava \"me usa\".

 

Eu já não estou temendo.

Estou fraco e ela esta vendo.

No momento queria veneno.

 Para acabar com meu sofrimento.

 

Mas tudo é certo.

E depois de tanto tempo a deriva.

Queria ao menos alguém perto.

Para dar adeus a essa minha vida.