Chico Lino

CORA COROADA

CORA COROADA
Chico Lino

Nesses dias de enclausurada
quarentena
Entre lives e limpeza
Do vasilhame doméstico
A família esperava um brownie assar

Veio ao meu sentido do forno
Um enorme desejo de saborear
Doces histórias da doceira goiana
A Poeta Cora Coralina

Bati à sua porta

Fui acolhido por um delicado sorriso
De avozinha surpresa com o neto
Estávamos na cozinha

Falou-me com gosto e sabedoria
Das miudezas da vida
Em seus poemas:

\"Saber Viver\"
\"Aninha e Suas Pedras\"
Das alcunhas da \"Mulher da Vida\"

A fraternidade universal
De \"Ofertas de Aninha\"

A umidade
Que semeia polmes dourados
No lixo podre, em \"Becos de Goiás\"

Do dia em que foi marcado
Com a pedra branca
Da cabeça de um peixe,
Em \"Meu Destino\"

Dentro de mim
Na minha vida
A vida mera das obscuras,
Em \"Todas as Vidas\"
 
Tantos outros mais...
Prometi sempre voltar

Nosso brownie ficou pronto
Estava muito gostoso

Mas Cora,
Para o sabor dos seus versos
Não encontro a palavra precisa
Só penso em doces-delícias...