A ESTRADA
Quanta coisa se tem para se levar
E muitos sentindo medo de sonhar!
É que nos parece não ter sentido
Sair sem rumo no desconhecido
Apenas por que não queremos ficar
Ouço os conselhos de certo alguém:
\"Vá pela estrada que mais te convém
Todos os rios te levam ao mar
Todo caminho se pode trilhar
Confie na sorte, que\'um dia ela vem\"
Sou corpo inato da minha estrada
E ela, pra mim, uma alma gerada
Parece que foi desenhada pra mim
E eu para ela, origem e fim
Sou pouco de tudo e muito de nada
Vamos colher oque aqui nós plantemos?
Seremos então qual a via onde andemos
De tudo que faço eu me maravilho
Não recomendo seguir meu rastilho
Porque não sei onde dá esses termos
As vezes a chuva me inspira e acalma
Outras vezes desdenha até me desalma
Me sinto andarilho na escuridão
Ou um seresteiro cantando paixão
Ao som da viola que o peito encalma
Eu não me defino por completamente
Apenas que sou igual a tanta gente
Se causo emoção ou causo apatia
Um pouco é culpa de minhas poesias
Se não me condeno eu sigo em frente
Sou a minha estrada, e ela sou eu
Escolhi viver nela e ela me escolheu
Certeza eu tenho que sou forasteiro
Fiz coisa errada, também fui certeiro
Coisas da vida, que na estrada ocorreu
Por onde eu vou há flor e espinho
Há ódio e amor, repulsa e carinho
A gente escolhe como deseja viver
Mas nossa escolha pode surpreender
Pois ainda existe o melhor dos caminhos