Com sépia naquele olhar
Uma luz veio clarear
Uma imperfeita sintonia
Foi o parto do anacrônico
Não foi mais trágico
Porque foi cômico
A sensação do desdém
Como se não visse ninguém
Um sorriso espontâneo
Olhar para cima
Ah, a alma é feminina...
Nem foi percebido por alguém
Um flash, um insite instantâneo
Abrindo a porta da prisão
Fazendo mal, trazendo o bem
Tirando o peso do coração
Soltando as cordas do refém
De súbito veio a história inteira
Versos, poemas e personagens
A tela borrou todas as imagens
Tudo foi só uma brincadeira
A constatação de que se o amor havia
Era natural haver a assimetria
Mas o ser deixou de ser
A criatura sentiu e se transformou
Se desligando do criador
O espelho começou a derreter
E toda a maquiagem lhe borrou
E mesmo que não fosse acontecer
O dissabor não é bom ator
Um novo sentimento floresceu
O que era vivo já viveu
E se alguma coisa não morreu
O que sobreviveu não foi amor...