Jucklin Celestino Filho

PÁSSAROS DE FOGO ( ITABUNA, 16 DE ABRIL 79)

 

Da minha torre de comando,

Espio a medo,

Os pássaros de fogo, num voejar

Desembestado, cruzarem o espaço

Em voos rasantes,

Despejando destruição e mortes.

Tento abstrair da minha retina pasma,

O horror de ver cruzando o espaço ,

Gigantescos pássaros de aço,

Concebidos para o bem,

Projetados para voar,

Galgar o infinito,

Conduzindo pessoas

A seguros itinerários,

Transmutados, hoje, porém,

Em aves de mau-agouro,

Mochos funerários

Que da tormenta -- indiferentes

Às dores e lamentos,

Assistem passivamente

Aos ais de tormentos,

Aos clamores pungentes,

Ao ecoar

De terrível grito !

É que, sacode-se na campa,

Freme de dor,

Santos Dumont, seu inventor,

Morrendo novamente,

Aos vê-los desvirtuados,

Pássaros malvados,

Despejarem bombas

Sobre pessoas inocentes.