//meuladopoetico.com/

Artur Curadete

A Guerra, A Honra E O Paradoxo

Fotos de antigamente... São como cacos de vidro, doloridos cacos de vidro que não cortam, pois são doces, um doce azedo capaz de dilacerar o fundo do estomago de um corpo velho e fraco. Corpo cansado e esvaecido; tímido, contido, sem forças para buscar propósito em algo ou alguém, sem sequer vontade para tal. “propósito”? Isto já bastou! Palavra vazia, palavra traiçoeira! Vi de perto o servir escrupuloso da mais elevada honra pelo propósito; honra nobre, honra digna! Era coração patriota, coração marcado com a missão nobre de marchar pelo país, à passos firmes e apaixonados. Fitei marchas aplaudidas por todos que pairavam a volta, não estavam à volta, pairavam! Pairavam como insetos mórbidos fracos, que aplaudiam a marcha breve e se esqueciam de empunhar ao lado em comunhão os fuzis. Óh Fuzis! Estes grandes coadjuvantes do propósito infundado.

 Seguia-se romântico, nobre, belo, até o dia de defender oque lhe tanto amou; teu berço sagrado, teu lar equiparável! Lugar de almas como a tua, morada de teus amores, teus outros corações! Há de lutar! Há de defendei-os!

 Todos os corpos vigorosos e frágeis de cada canto carregavam este mesmo nobre pensamento, todavia, eram todos heróis sanctus ao máximo e aos mesmos instantes almas vis que mereciam o arder ào fogo. Todo o propósito, a marcha, os corações, eram descarrilhados ao chão num átimo disparo, o propósito infundado estaria agora realizado ou arruinado? Hão de se perguntar vocês, conquanto, ainda não percebo, só percebo que hão de comemorar de modo honroso as tuas mortes dos dois lados...