Ás vezes sinto vontade de envelhecer
sinto os ossos cansados, o corpo pesado
poderia até me deitar e dormir para sempre.
Olhando no espelho posso ver minha alma.
alma velha, de dobras rasgadas,
como um livro muito lido.
por isso a velhice, o cansaço.
que meu corpo aceite num instante
tudo aquilo que meus olhos já viram.
As vezes sinto muito frio.
queria um cobertor pesado que me aquecesse.
Não seria mal se fosse a terra.
Poderia me deitar e esperar, e esperar,
até que aquele sono quente chegasse
Seria um abraço acolhedor.
Não tenho medo.
As vezes quero sumir, assim de repente.
como se num sumiço resolvesse meus problemas
ir pra lugar nenhum.
Pressinto a morte,
como a esperar atrás da esquina.
Querida e doce paz,
que tu ó morte traz,
parece tão calma a tua presença
onde há somente uma tão grande ausência...
almejo esse encontro,
num fechar de olhos
que parece tão simples, tão suave...
Paz e calma, profundo silêncio.
Ausência de almas, falta de luz.
apagar o interruptor da vida não parece um mistério
é mais como a solução matemática mais perfeita
para todos os problemas.
não há dor onde não há coração.
não há coração onde não há vida.
meu coração que por ti bate, por ti dói,
parece gritar sofrido...
não te quero ó dor.
não te quero ó solidão.
Fico a pensar com meus botões,
em ti,
que me deixas, que me deixas...
penso em ti, penso na morte, e medito:
qual dos dois terá o abraço mais quente?