Filha do vento,
Filha da mãe da criação,
Filha do sol,
Filha do mar,
Nem vem me pirraçar
Porque desaforo não vou aturar!
Sou filha da revolução
Nasci de uma louca paixão,
Foi algo passageiro
Mas sofro nessa encarnação
Pelo ano inteiro...
Não cheiro a cravo e nem tenho cor de canela
Mas meu nome é Gabriela!
A minha bandeira não é verde e amarela,
Minha bandeira é universal
Pelo bem do coletivo e pelo bem natural
Sou filha da Angola,
Mãe África agora chora
Meus ancestrais: torturados, estuprados, doutrinados e mutilados
Sem registros e não identificados
Sou filha da subversão,
Na minha vida o que prevalece
É o amor, o tesão e a revolução,
O misticismo sempre esteve comigo
De vez em quando a depressão aparece
E me causa aflito
Meu espiritual fica abatido
Não consigo ter força física
Para lutar contra o inimigo,
A ansiedade me corrói
Tudo que eu toco se destrói
Mas ainda tenho fé e esperança
De que todo esse sofrimento irá passar
E a bonança prevalecerá,
Minhas ancestrais estão comigo
Sagrado feminino!
Quando tudo isso passar vou curtir um samba no domingo.