sou eu aquela estrela que se apagou
seguindo em ilusão ao futuro cósmico
uma imagem do sempre que já se foi
sou aquela palavra não mais dita
a prosa já há tempo esquecida
sou a letra do verbo que já não agita
sou a dose de esquecimento de um ato
a fartura antes havida nessa realidade de fome
sou a ânsia da expectativa que nos consome
sou a porção da esperança posta no prato
a ternura antes havida nessa realidade insone
sou o amor radioativo que corrói o próprio nome
e sou a ideia simples fluindo distraída
a trova disforme de uma canção retraída
a rima métrica incalculada, fria, contraída
sou eu aquela estrela que se apagou
seguindo em ilusão ao futuro cósmico
uma imagem do sempre que já se foi