Grávida de desejos e esperanças, sonha. Sonha com o direito de ser feliz, de não ser rejeitada, julgada ou condenada, por seu único crime: um amor puro, verdadeiro e sincero.
Não entende porquê na paleta social, às cores tenham sempre que ter tons acinzentados. Quando a vida e a natureza, são esplendorosamente coloridas.
Não concebe uma vida cheia de desencontros, quando é no encontro da vida, que se celebra a plenitude do amor.
Rejeita a babaca insegurança do seu homem, que tudo querendo, arrisca ficar sem nada e morrer na ilusão de uma torpe e longínqua fantasia. Sem comer, arrisca ser comido e devorado por um tolo desejo.
Sua condição de grávida, aguça sua sensibilidade. Cinco, seis, vários sentidos. A torna mais linda, pura e talentosa. Uma linda mulher, na essencial plenitude do tornar-se mulher.
Transborda ternura e o brilho do seu olhar conta, canta e grita todo o ancestral amor que sente e, agora, sem medo, dúvidas ou insegurança, pinta, declama e declara firme e consciente para o mundo, o que realmente quer. Ela só quer ser amada, com respeito e exclusividade.
Ele, uma velha criança, não aprendeu nada. Mesmo tendo sido espancado pela vida. Uma, duas, três várias vezes. Segue cometendo os mesmos erros.
Ela uma jovem e madura mulher, só pede respeito, compreensão, empatia e verdade. Não quer ser enganada. Só quer ser feliz ao lado do seu amor, independentemente de padrões, rótulos e convenções.
Ela as vezes pensa, que ele não passa de uma garotinha e mesmo sendo poeta, não aprendeu a amar. Como o ama, pode ensinar. Mas ele precisa mostrar que merece e também quer aprender. Mas, triste, desabafa: Cara você tá ficando sem tempo. Se liga, pega visão. Como diria sua amada vó Idalina: \"Paciência tem limites...\"
Ela esclarece: Não quero um príncipe. Gosto mais de sapos, plantas, insetos e principalmente conchas Strombus pugilis e outros gastrópodes do mesmo filo.
Entende de uma vez por todas e para de ser do filo da outra.
Num lampejo de lucidez, ele faz juras de amor, promete mudar. Pede para ela revisitar
poesias, pratos, atos, viagens, enfim tudo que já viveram juntos e reafirma que só deseja a felicidade de sua amada. Pede mais uma oportunidade para mostrar, que apesar de seus inúmeros defeitos, seu estranho amor é verdadeiro. Roga para que ela balancei suas loucas e poucas qualidades.
Ela calada pensa e ......
Fecha a cortina. Fim do segundo ato. Um fundo musical triste, dramático, apoteótico complementa a peça.
O réquiem de Mozart faz parte da trilha sonora e traduz com perfeição essa história de amor. É preciso morrer para renascer renovado, como um novo homem, que finalmente mostre ser digno do inusitado e atemporal amor, que recebeu no presente, como derradeiro e verdadeiro presente da vida. Precisa aprender a cultivar e para tanto é fundamental amadurecer.
Ele quer, ele vai, ele necessita. Porque senão só a solidão lhe restará. Sem ela, sua vida é um imenso vazio, um oceano sem água, é um grande nada.