Tardes na janela...
Ouço segredos, tormentos na boca do vento
Os dias parecem entender, o quanto pesa o sofrimento...
Quisera o beijo do sol pleno, em sentimento que aquece
Cores perdem o viço, entendem os segredos do vento
Em algum lugar hiberna a alegria, há muito o sorriso arrefece
Entre paredes que apertam, vencemos o momento, mas não o tempo
Segue deixando suas ranhuras, marcas lacônicas ou profundas
O vento segue livre, espalha folhas mortas, traz e carrega lembranças
Desembaraço linhas no pensamento, teço a lida e não a entendo
Quem pode, tinge a trama, pinta em outras telas
Quanto a mim, sigo o vento, e as tardes da janela...
Ema Machado