Se antecipar as festas,
para o corona combater.
Vai resolver um problema.
Mas outro vai aparecer.
O fruto tem seu tempo,
e hora de amadurecer.
O São João em maio?
Viria em julho o Natal?.
O ano novo, nesse ano?.
Não tem sentido afinal.
O nordestino chora,
com essa ideia anormal.
Não pretendo ou vou mudar,
séculos de tradição.
Não lhe entendo meu Doutor.
Sempre é em junho São João.
Hoje vou me aquietar
e não vou tomar quentão.
A cultura meu patrao,
deve ser valorizada.
Senão a loucura explode,
como gado em disparada.
Um boi pode ser manso,
mas não atice a manada.
A Pandemia é séria.
O povo já compreendeu.
Mas São João é sagrado.
Junto ao Pai intercedeu.
Até junho tudo passa.
Minha fé não se abateu.
Me desculpe seu Doutor,
não quero lhe ofender não.
Já tirou os meus direitos.
Não acabe meu São João.
Hoje vou me recolher,
e em junho faço o festão.
A natureza é sagrada.
Nós devemos respeitar.
Como vou dizer pro milho,
para ele se antecipar.
O amendoim tem seu tempo.
E o licor precisa curar.
Vou esclarecer agora,
como tudo sucedeu.
O for se juntou com o all,
no Nordeste floresceu.
Com o nome de forró.
O povo assim entendeu.
Já eu prefiro a história,
do Cascudo e Curió.
Tudo isso tem origem,
no antigo forrobodó.
Que o povo simplificou,
e batizou como forró.
Já convidei a Rosinha,
para a quadrilha dançar.
Já separei as madeiras,
para a fogueira montar.
O pau de sebo tá pronto,
para meninada trepar.
O trio tá afinado:
Triângulo e sanfona,
sem esquecer o zabumba.
Podem dizer que é cafona.
Forró universitario.
Isso é coisa de bacana.
O forró no Nordeste.
Aquele de boa raiz.
Tem as modas antigas:
Dominguinhos e Luiz.
Essas modernidades,
derretem cedo, como giz.
O Doutor é quem manda.
Em tudo o senhor tem razão.
Já que calou a minha voz,
não roube meu S. João.
Isso não vou aguentar.
Lhe aviso meu patrão.
Jessé Ojuara - 24/5/20