Jonas Teixeira Nery

Aconchego

Abandono-me ao enleio do teu doce perfil.

Meus pensamentos voam livres como os pássaros,

em seus voos em ritmos, ao vento, entre nuvens.

Teu corpo se alinha, acomodando-se inerte, nessa tarde,

tarde de calmaria, nessa suave brisa de domingo.

 

Meus olhos já não enxergam o jardim dessa casa...

Tudo se transformou nesses enlaces e desalinhos.

No aconchego desse quarto, permaneço entorpecido.

Destituído do meu ser, possuído por seu corpo, nessa alvura.

 

Custa-me acordar desse marasmo, dessa languidez.

Vem a lua refletir nossos corpos desnudos entre fronhas.

Entre sonhos, minhas amarras continuam presas ao teu enlevo.

Assim permaneço! Que venha a madrugada fria despertar-me.

 

Despertar-me dessas carícias de amantes entre beijos nesse abandono!

Que venham todas as entregas, que teu corpo me oferta,

nesse resplandecer de fogo e mel, nesse turbilhão de beijos,

na musicalidade do teu corpo trêmulo, me entrego.

 

Quero permanecer no aconchego que teu amor me oferta,

abandonando-me nessa cilada do teu corpo, entre ternuras.

Desejo despojar-me dos meus medos ao teu convívio.

Quero amanhecer muitas vezes, nesses abandonos...