Arlindo Nogueira

GAÚDIO MENINO

Sobre o dorso do pago sulino

Um menino de lenço vermelho

Campereando sonhos de garoto

No seu potro parecendo espelho

Leva a saga do sangue farrapo

Índio guapo lutando de joelhos

Na charla das lindas percantas

Na garganta o lenço vermelho

 

Um guri galopeado sem mágoa

Como a água que cai da cascata

Seu destino é um grande tesouro

Vale o ouro das plagas de prata

É juventude encantando na lida

Seiva da vida no ventre da mata

La nos galhos sacode a pitanga

Cai na sanga descendo a cascata

 

A fazenda virou um bang bang

Já tem sangue novo no campo

O menino é um ginete montado

No seu renomado cavalo branco

O pôr do sol deixando seu rastro

Lá no pasto pisca um pirilampo

Surge a lua prateando o palanque

Pois tem sangue novo no campo

 

No despacito igualzito ao seu pai

Gaúcho sagaz de cinchado sulino

Lá em seu rancho sede da fazenda

Tem a prenda mãe do seu destino

Que tempera um arroz carreteiro

Com verdadeiro charque bovino

Sangue novo volta para estância

Há esperança no gáudio menino