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Crônica: Serra do Mar

 

Serra do Mar

 

Costumo relaxar e refletir sempre quando estou aqui na Serra do Mar, deslumbrado, em pé olhando para a montanha que cresce à minha frente, que se apresenta como uma gigante pirâmide verde, que não cabe num único olhar.

 

Essa montanha em especial, fica no Parque Estadual do Marumbi na Serra do Mar paranaense, que curiosamente recebeu o nome de pico Olimpo, parece tocar o céu ultrapassando a nuvem cinza-escuro que anuncia a chuva, que em breve virá cobrindo com seu véu branco a floresta úmida, e nos entregará os aromas mais diversos de sua exuberante natureza viva que transpira em perfumes raros.

 

O pico Olimpo vem acompanhado de seus irmãos não tão menores e igualmente grandiosos, Gigante, Boa Vista, Ponta do Tigre, Esfinge, Abrolhos, Facãozinho e Rochedinho, todos magníficos nesse conjunto que formam torres de rara beleza cercados pela imponente mata com suas misteriosas trilhas, onde podemos nos deparar com as mais belas cachoeiras que a natureza pode nos presentear. 

 

Em toda visita que faço à essa terra de magia, recebo ondas de felicidade a cada inspiração do ar puro que a da mata emana, entendo que sou privilegiado de sentir tão próximo a grandiosa força da mágica terra que apoteótica se desnuda diante de mim.

 

O primeiro pensamento que me vem é de que quero compartilhar esse momento único com alguém especial descrevendo essa fantástica experiência, em seguida me frustro por logo entender que não haverá alguma imagem ou palavras que consiga reproduzir o efeito que este contato primevo proporciona em nossas efêmeras vidas.

 

Gostaria de ter uma companheira aqui comigo nessas horas, que possua a mesma paixão pela selva que eu sinto, que juntos acordemos cedo para presenciarmos do alto da montanha o sol nascer na linha do oceano, e também quero que ela nade ao meu lado nas cachoeiras virgens, que beba a pura água fresca de seus riachos, que sinta o cheiro de mato e ouça canto das cigarras, e que tenha o prazer de adormecer ao som da orquestra de rãs no charco abastecido pela chuva, que sempre é generosa na Serra do Mar.

 

Também, que seja uma pessoa sensível que admire o flutuar dos colibris, o balé da andorinhas e aprecie a chuva forte com o aroma que liberte da terra verde, e que também se emocione com o pôr do sol laranja prenunciando o espetáculo de um céu cravejado de diamantes cintilantes.

 

Ah! como sinto a falta dessa companheira que nem imagino quem seja, mas que dividiremos todas as sensações com que somos presenteados pela Serra do Mar.

 

Outras vezes também penso que talvez seja melhor assim, sem essa pessoa, porque a Serra já faz o papel de companheira, fiel solidária, que me conforta me abriga e alimenta, ela me ouve com paciência não me julga nem condena, somos cúmplices enquanto nos respeitarmos e talvez até se enciumasse se trouxesse uma pessoa para o seus domínios invadindo os nossos momentos únicos.

 

Assim, unidos pelo mesmo ideal de preservação da beleza natural, convivemos em harmonia, eu e a Serra do Mar, ela me entrega a sua verdade enquanto eu tento protegê-la dos intrusos que maltratam, devoram, exploram ou sujam, são criaturas vis que não a amam e que não a merecem.

 

Minha querida Serra do Mar eu te amo, venero e cuidarei de ti, obrigado por me permitir estar aqui.