Vlad Paganini

RECANTOS

RECANTOS

Floresce em mim o teu amor

Brota em mim flor de trigo

Flor de carmim

Cresce e germina em mim amor de espírito

Fecunda dentro de mim o teu desejo e a tua pele em todos os sentidos

 

Olho em ti a tua rua quase nua

Cinzenta como o céu ao cair do luar

Espelham em tuas imagens

A tristeza do teu vento, do teu rosto e do teu mar 

 

Brota em mim a fé

Pedras coloridas e manhãs frescas

No pé da janela oro pra lua

E em orações às estrelas   

Rezo transformar esse teu inverno

Colorir esse teu mar cinza e frio

Trazer a tua paz em meus ventos

Tanta paz que teu olhar não vê há tempos!

 

Noite, na lua triste te rezo

Recantos do limo da relva

Entre o rumor das calçadas e o suor do teu orvalho

Caminham em mim as estrelas, os luares

Ao ver-te a distância

Sinto no solo da tua terra escura a amargura dos teus mares

 

Oro em todos os recantos que nasce em mim

O teu amor

A febre do teu calor

Água cristalina de todos os jardins!

 

Retrocedo no tempo...

Já tão gasto de tanto passar...

E tudo ainda hoje continua em teu gelado vento

Escuro e cinzento 

 

Tu me desenhaste a olho nu

Com teu olhar cor de mel

Desabrochou em mim uma terra esquecida

Envolveu-me e me entregou o teu corpo nu

Tua terra úmida e embevecida 

Embalou-me em tuas inseguranças e incertezas

E partiu na sofreguidão das tuas fraquezas

 

Floresce agora em meus recantos a esperança

O meu mar sentindo o teu amar

Libertando tuas tormentas

Respirando toda a tua chuva que bate na minha vidraça

Teu céu aguado e gelado

Canção cinzenta que te atormenta!

 

Flor de espírito me invade em mensagens

Sentindo os teus recantos e teus prantos

Trazendo a tua paz

O teu querer

O teu sol azul a tua lua rubra

O orvalho, a chuva e o teu vento! 

E todo o amor que te aflora

Invadindo ao pé da minha janela a tempo!

Vlad Paganini

 

Pelos recantos e cantos busco um pouco que restou de ti

O tempo que passou por vezes se compadece com o vento

E traz até mim o teu perfume de café, de terra, o som da tua voz

A tua vida e o teu corpo nu em minha pele despida

 

Partiste sem sequer pronunciar uma palavra dentro do meu olhar

Enquanto não voltas me invento e reinvento em meus recantos

Sentindo a tua presença trazida pelo vento que me invade em todos os cantos

 

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