RECANTOS
Floresce em mim o teu amor
Brota em mim flor de trigo
Flor de carmim
Cresce e germina em mim amor de espírito
Fecunda dentro de mim o teu desejo e a tua pele em todos os sentidos
Olho em ti a tua rua quase nua
Cinzenta como o céu ao cair do luar
Espelham em tuas imagens
A tristeza do teu vento, do teu rosto e do teu mar
Brota em mim a fé
Pedras coloridas e manhãs frescas
No pé da janela oro pra lua
E em orações às estrelas
Rezo transformar esse teu inverno
Colorir esse teu mar cinza e frio
Trazer a tua paz em meus ventos
Tanta paz que teu olhar não vê há tempos!
Noite, na lua triste te rezo
Recantos do limo da relva
Entre o rumor das calçadas e o suor do teu orvalho
Caminham em mim as estrelas, os luares
Ao ver-te a distância
Sinto no solo da tua terra escura a amargura dos teus mares
Oro em todos os recantos que nasce em mim
O teu amor
A febre do teu calor
Água cristalina de todos os jardins!
Retrocedo no tempo...
Já tão gasto de tanto passar...
E tudo ainda hoje continua em teu gelado vento
Escuro e cinzento
Tu me desenhaste a olho nu
Com teu olhar cor de mel
Desabrochou em mim uma terra esquecida
Envolveu-me e me entregou o teu corpo nu
Tua terra úmida e embevecida
Embalou-me em tuas inseguranças e incertezas
E partiu na sofreguidão das tuas fraquezas
Floresce agora em meus recantos a esperança
O meu mar sentindo o teu amar
Libertando tuas tormentas
Respirando toda a tua chuva que bate na minha vidraça
Teu céu aguado e gelado
Canção cinzenta que te atormenta!
Flor de espírito me invade em mensagens
Sentindo os teus recantos e teus prantos
Trazendo a tua paz
O teu querer
O teu sol azul a tua lua rubra
O orvalho, a chuva e o teu vento!
E todo o amor que te aflora
Invadindo ao pé da minha janela a tempo!
Vlad Paganini
Pelos recantos e cantos busco um pouco que restou de ti
O tempo que passou por vezes se compadece com o vento
E traz até mim o teu perfume de café, de terra, o som da tua voz
A tua vida e o teu corpo nu em minha pele despida
Partiste sem sequer pronunciar uma palavra dentro do meu olhar
Enquanto não voltas me invento e reinvento em meus recantos
Sentindo a tua presença trazida pelo vento que me invade em todos os cantos
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