O riso calmo, sereno, aconchegava
o olhar fixo, profundo, penetrava
o toque delicado, macio, decalcava
o deslizar na pele, o cheiro de perto, entrelaçava
As valsas entre os dedos, que ali se conheciam
silenciosamente, uma sinfonia precediam
respiração intensa, desejos surgiam
os sabores adocicados, molhados, envolviam
A temperatura dando voltas, abraçava
o escuro solicitado, a luz apagava
a conexão abrindo as portas, nos preparava
a poesia, a ser escrita, começava
Como um jardineiro, ele regava a flor
como uma abelha, ele provou o mel
embriagado se deu, pelo sabor
firmemente, segurou como um troféu
Entrelaçando seu corpo, comecei
nossa frequência equalizou
com a boca quente e molhada o beijei
naquele momento, tudo perfeitamente encaixou.
Ele me fez versos fortes, enterneci
evocou o meu íntimo, contemplei
Com fulgor me explorou, eu gemi
me levou ao êxtase, eu gozei.
Gritei baixinho, ele me fitava
carinhosamente, atravessava minha alma
sua respiração ofegante, eu escutava
quem parecia ter pressa, caminhava com calma.
Naquela vibração ficamos imersos
O cheiro inebriante, a troca de olhar
A madrugada guarda os melhores versos
tudo era dito e entendido sem nenhuma palavra trocar
Em cada volta que dávamos nossa poesia escrevíamos
Tudo aquilo que tinha gosto de sonho intenso, era de verdade
Não precisávamos de métrica, rimas, já nos bastava o que sentíamos,
Ele é um Kama Sutra escrito por Carlos Drummond de Andrade.
-Rita Correia