Rita Correia

Poesia

O riso calmo, sereno, aconchegava

o olhar fixo, profundo, penetrava

o toque delicado, macio, decalcava

o deslizar na pele, o cheiro de perto, entrelaçava  

 

As valsas entre os dedos, que ali se conheciam

silenciosamente, uma sinfonia  precediam

respiração intensa, desejos surgiam

os sabores adocicados, molhados, envolviam  

 

A temperatura dando voltas, abraçava

o escuro solicitado, a luz apagava

a conexão abrindo as portas, nos preparava

a poesia, a ser escrita, começava  

 

Como um jardineiro, ele  regava a flor

como uma abelha, ele provou o mel

embriagado se deu, pelo  sabor

firmemente, segurou como um troféu  

 

Entrelaçando seu corpo, comecei

nossa frequência equalizou

com a boca quente e molhada o beijei

naquele momento, tudo perfeitamente encaixou.

 

Ele me fez versos fortes, enterneci

evocou o meu íntimo, contemplei

Com fulgor me explorou, eu gemi

me levou ao êxtase, eu gozei.  

 

Gritei baixinho, ele me fitava

carinhosamente, atravessava minha alma

sua respiração ofegante, eu escutava

quem parecia ter pressa,  caminhava com calma.  

 

Naquela vibração ficamos imersos

O cheiro  inebriante, a troca de olhar

A madrugada guarda os melhores versos

tudo era dito e entendido sem nenhuma palavra trocar  

 

Em cada volta que dávamos nossa poesia escrevíamos

Tudo  aquilo que tinha gosto de sonho intenso, era de verdade

Não precisávamos de métrica, rimas, já nos bastava o que sentíamos,

Ele é um Kama Sutra escrito por Carlos Drummond de Andrade.

 

 

-Rita Correia