Você se esconde tanto de si mesma e do mundo, parece que ninguém te vê, que você é só mais uma dentre outras mil
E é mesmo, mais uma entre outras mil pessoas que só não se enxergam, com medo de que o fazer seja pecado
Seu pavor são espelhos, mas seus pesadelos são seus pensamentos, são segundos onde tudo está tão silencioso que você consegue ouvir seus próprios gritos no fundo da sua mente
Você se apega a dor porque não tem nem a si mesmo então cata aquela droga feita com resto de emoções e carrega de amuleto
É confuso silencio me faz escutar meus berros, mas barulho me faz ouvir o de outras pessoas e minha cabeça se enlouquece, querendo salvar outras cabeças
Mas não posso, tento salvar alguns mas minha cabeça rola pela minha consciência porque alguém apertou a guilhotina
Vícios, uns se viciam em crack outros em cocaína mas eu me viciei na dor, traguei choros e soltei fumaças de socorro porque não tinha a única coisa que eu queria me viciar, a mim mesma
Eu me achei, mas parece que eu sou uma droga muito pior, me alucina, me dá esperança
A abstinência de dor não foi embora, estou me internando na reabilitação da felicidade, na esperança de não precisar de toda essa dor mais, de não a querer, porque finalmente acho que não a mereço
Era tudo uma alucinação, não quis ajudar pessoas quis ajudar a dor, a solitude da depressão me chamou atenção, queria tanto uma companhia que cedi a sua presença
Chamei a tristeza para se sentar e quando eu assustei eu implorava de joelhos para ela não ir embora, meu medo de ficar sozinha era muito maior
Tento escrever, mas o que acontece sou eu cuspindo palavras amargas que cortam minha língua por se recusar a recita-las
Estou na reabilitação, sou dependente química da depressão, mas estou lutando em minhas crises de abstinência, tentando engolir a alegria sem vomitar, as vezes nem meu corpo acha que eu a mereço