Deixai-me ouvir a voz que sussurra em minh’alma
E as cachoeiras que choram águas na natureza...
Prados e bosques sentem no frio dos ventos
A algazarra dos pássaros que cantam solitários
Melodias em que o crepúsculo convida a aurora
A bailar perante o rubro arrebol que desperta e morre...
Deixai-me escutar o mar que joga bravias ondas
Sobre as pedras insensíveis do pálido litoral
Que boceja suas ingratidões sobre tapetes de areia...
Tempestades de emoções inundam no calor das noites
Os astros que cintilam ciúmes sob intensos açoites,
Permitindo que nuvens acanhadas despejem fosforescência...
Deixai-me dialogar com relâmpagos que riscam o horizonte
E pedir aos trovões que beijem a atmosfera densa,
Que enclausurem tristezas no espaço incandescente e sombrio...
Que no verdor das madrugadas o silêncio ensine a orar
A fim de que os sonhos não sejam apenas simples devaneios,
Mas enxurradas de sensações brancas e transparentes...
Deixai-me sorrir com a ingenuidade das crianças
E colorir o firmamento com estrelas que falem de amor
Para que na realidade da vida haja equilíbrio e paisagens
Onde os olhares possam dormitar quietude em suas angústias
E acordar o sol que dorme encoberto pelo manto da lua cheia
Sob a grinalda que semeia alegria e pare urgentes verdades!
De Ivan de Oliveira Melo