Mony

Cheiro de mãe

Deitada ao seu lado, sinto- me criança

Chegando mais perto para sentir o seu calor, seu amor, seu cheiro

Presente feliz, em sábado de manhã tê-la aqui na cama comigo 

Tenho cinquenta, mas nessas horas sinto- me com quatro anos 

Idade que fui para escola e não tive você por perto, pois fora ganhar minha irmã caçula

Difícil ficar sem a mãe, enfrentar o mundo escolar sem seu apoio e proteção

Voltar para casa e sentir o vazio do lugar e do meu coração

Hoje adulta gosto de está com você e papai, pois raro é ter pais pertinho assim 

Me divirto com vocês e os diagnósticos, aprendemos a lidar com os dois 

Momentos que me sinto mãe, quando ambos repetem, cismam com alguma coisa, apresentam medo 

Pano de fundo de quem a memória está indo embora 

Muito engraçado quando do nada você mãe, quer ir para casa, pergunta se todos já foram e com a cara de espanto deve ficar espantada comigo 

Confesso, ainda me surpreendo com as peraltices de sua mente 

Do outro lado da sala papai ouve vozes, sente medo, me pergunta se estão falando dele

É uma doideira divertida,

diante do irreversível só nos resta saber lidar, brincar, entender e respeitar 

Hoje são vocês que precisam de nossa proteção, somos nós que os levamos ao médico, damos os remédios e levamos ao laser 

Somos nós que fazemos o prato quando estamos em um restaurante 

Confesso que faço com orgulho, com amor e gratidão a retribuição de tamanha dedicação que tiveram por nós

Antes da memória parte esquecida, há um orgulho estampado por sermos filhas de pessoas tão boas, dedicadas e honestas 

A vocês, nosso infinito amor 

Sincero agradecimento e orgulho em dizer somos filhas de Magali e Wiles

Amamos muito, amamos com gratidão

Com alegria, porque conseguimos juntos transformar o pranto do esquecimento em momentos de plena comunhão

 

 

 

 

 

Por: Mônica Souza