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Claudio Reis

UM SORRISO SEU NO RETRATO

Volto a pensar naquele tempo 
Em que te observava
Imaginava-me no jardim junto a ti
Um sorriso seu no retrato
Convidava-me a te querer, a te descobrir
No ar o amor os medos dissipou
Não se via mas só 
O tempo sabedor de tudo, arrumou...
Alucinados já estávamos!
À lua, as preces eram feitas 
O desejo ardente veio e ficou

Penso ainda mais fixamente
Para que continues dentro de mim
Descobri que por debaixo do véu que te cobre
A ternura transborda inundando a bondade
Afaga o coração sofrido e calado...
Por querer-te tanto 
Concilio-te na pureza da poesia
Arrasto-me por mata árida p\'ra buscar-lhe a flor

Toda minha noção de infinito cresce
Quando de mim distante vens a ficar
A razão que permeia o meu lado direito sai
Fica só a emoção alterando o pulso do cardio
O choque por causa do seu afastamento
Faz antecipar a sensação da morte
Toda essa ternura que vem de ti
Me faz viver, me faz amor sentir
Agora existo! Porque te conheci. 

Cláudio Reis