As palavras que me ferem,
Não te atingem, não te arranham,
Os olhares que me marcam,
Não te abarcam, não te apanham
Os valores que te cobrem
Não me valem, não me ganham.
Os horrores que te estranham
Me atingem, em sutileza,
Os teus hábitos, que não tenho,
Frutos da tua riqueza
São as marcas que carrego,
Filhos da minha pobreza.
No que enxergas beleza,
Pode não haver doçura.
Os espinhos que me crivam,
O seu calçado tritura,
Os bálsamos que te perfumam,
Não curam minha loucura.