Haroldo Max de Sousa

POESIA E ÓPIO

Não tenho muitos desejos

Nem pedidos excessivos

Que não caibam nas minhas mãos.

 

No caminhar dos meus dias

Nas planícies e montanhas que

Me rodeiam, apenas ergo os olhos

E caminho, como um bom caminhante.

 

Se piso em pedras e espinhos,

Se atolo os pés em barro, choro poesias...

Grito estrofes de ais e melancolias.

 

Mas... se me vejo num jardim

Se o sol bronzeia minha estrada

Se a noite me cerca enluarada,

Aí canto poesias... me espraio libertado

Me agiganto em devaneios.

 

Poético, louco, amor, ódio...

Não importa, apenas peço a Deus:

Não me prive das poesias

Até o fim da minha caminhada

É pra mim alimento, lenitivo...

Meu ópio de todos os dias

Bengala companheira de jornada!