No centro da verde mata
Onde se dançou o catira
Tem murmúrio da cascata
Qual chilrear da curruíra
Há harmonia desse som
Tal coração que suspira
Vem do ventre do sertão
A essência desse caipira
Na curva do rio ligeiro
Na casinha de palhoça
Cresceu esse brasileiro
Retrato da origem nossa
Caboclo rude e pachola
No rangido da carroça
Nas rodas canto e viola
Feito lá dentro da roça
Urutau quebra o silêncio
Na noite cantando rouco
Pousa em galho suspenso
Que fica em riba do toco
Ouvindo o som da viola
O coração dói um pouco
Pulsa o átrio da história
Nessa alma de caboclo
O vento farfalha folhas
Do galho da guajuvira
Caem não tem escolha
Nos rastros do curupira
As águas lá da cascata
Rolam no som do catira
E o bom violeiro retrata
Cantando a vida caipira