Arlindo Nogueira

CULTURA CAIPIRA

No centro da verde mata

Onde se dançou o catira

Tem murmúrio da cascata

Qual chilrear da curruíra

Há harmonia desse som

Tal coração que suspira

Vem do ventre do sertão

A essência desse caipira

 

Na curva do rio ligeiro

Na casinha de palhoça

Cresceu esse brasileiro

Retrato da origem nossa

Caboclo rude e pachola

No rangido da carroça

Nas rodas canto e viola

Feito lá dentro da roça

 

Urutau quebra o silêncio

Na noite cantando rouco

Pousa em galho suspenso

Que fica em riba do toco

Ouvindo o som da viola

O coração dói um pouco

Pulsa o átrio da história

Nessa alma de caboclo

 

O vento farfalha folhas

Do galho da guajuvira

Caem não tem escolha

Nos rastros do curupira

As águas lá da cascata

Rolam no som do catira

E o bom violeiro retrata

Cantando a vida caipira